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Sir Frederick Banting and John Macleod (Photos: Library & Archives Canada/U of Toronto) |
A descoberta da insulina pelo Doutor Frederick Banting e o Professor MacLeod, foi considerada de tamanha importância que eles receberam o Prêmio Nobel de fisiologia e medicina por tal descoberta.
A diabetes mellitus é uma doença conhecida desde os tempos mais antigos. Foi descrita por Celsus e Araeteus, no primeiro século da nossa era, como uma doença caracterizada pela insaciável sede, perda de peso e o aumento do volume de urina excretado. No século XVII o cientista inglês Thomas Willis observou que havia presente na urina de pessoas com essa doença, uma substância parecida com açúcar. Cem anos mais tarde outro inglês Dobson conseguiu reproduzir essa substância a partir da urina dos doentes. Essa descoberta levou os estudos sobre a doença para os caminhos corretos. O açúcar presente na urina foi considerado uma substância estranha ao organismo animal que era formado apenas na condição da doença.
Em 1827, Tidemann e Gmelin observaram que em condições normais, alimentos ricos em amido eram convertidos em açúcar pelo canal intestinal e que esse açúcar era absorvido pelo sangue. Mas a descoberta mais marcante da época foi a do fisiologista francês Claude Bernard, descobriu que o fígado possui uma substancia parecida com o amido, o glicogênio, e que o açúcar é formado a partir dele durante a vida. Nas palavras de Claude Bernard "o fígado secreta açúcar para o sangue."
Ao relacionar as circunstâncias que levam à formação de açúcar com seus estudos, Bernard percebeu que pequenas lesões no sistema nervoso central causavam o aumento da taxa de açúcar no sangue e que esse açúcar passava para a urina dos animais em estudo, foi a primeira vez que, mesmo que de forma esporádica, foi reproduzido a glicosúria em experimentos. Essa descoberta foi o pontapé inicial para uma série de pesquisas experimentais sobre a causa e a natureza da diabetes.
Em exames post-mortem de pessoas que morreram de diabetes severa, os patologistas observaram que o pâncreas apresentavam alterações, que eram causadas pela doença. Claude tentou reproduzir a glicosúria ligando o canal que secreta a substância glandular para o intestino ou injetando substancias coagulantes nele, contudo, não obteve sucesso. Claude também considerou a remoção da glândula por meio de uma operação tecnicamente impraticável. Tal fato, despertou muito interesse e em 1889 dois pesquisadores alemães, von Mering e Minkowski conseguiram realizar essa operação em cães. Os animais operados agora não só apresentavam açúcar na urina como também desenvolveram uma doença que possuía todas as características da diabetes. A doença se desenvolveu de forma tão severa que os cães morreram com sintomas de intoxicação. Se parte da glândula tivesse sido deixada para trás, ou tivesse sido costurada em baixo da pele, os cães não teriam desenvolvido a diabetes.
Após essa descoberta ficou claro que a taxa de glicose do organismo era regulada pelo pâncreas, mas não através do suco pancreático liberado no intestino e sim por uma outra função desenvolvida por ele que ainda não era conhecida. Durantes os anos de 1880, investigações do francês Brown-Séquard direcionou a atenção à importância das funções vitais das glândulas endócrinas. Essas glândulas secretam substâncias conhecidas como hormônios para o sangue que leva essas substancias para os tecidos do corpo.
O pâncreas, possui uma parte exócrina como já era conhecido, que libera o suco pancreático no intestino, ajudando no processo de digestão. Entretanto, em 1869, Langerhans mostrou que o pâncreas possui células que anatomicamente não se conectam com os ductos que levam o suco para o intestino, que foram chamadas de ilhotas de Langerhans. Em 1890, Laguesse pressupõe que essas células são responsáveis por secretar a substancia que controla a taxa de açúcar presente no sangue.
Então desde a descoberta de von Maring e Minkowski, passaram-se a pesquisar em diversos países a possibilidade de um remédio para a diabetes. Passaram a imaginar que a doença era causada pela insuficiência ou a perda da função pancreática de secretar o hormônio. Foram produzidos varios extratos pancreáticos para testar em cães diabéticos, esses extratos conseguiram acabar com a glicosúria e derrubaram as altas taxas de açúcar na corrente sanguínea. Mas a utilização desse extrato mostrou-se também prejudicial, pois quando usada de forma deliberada há uma alta diminuição da taxa de glicose.
Frederick Banting, um jovem assistente de fisiologia, pensou que a para a produção de um extrato efetivo deveria ser buscado na ação antagônica ou destrutiva do suposto hormônio de tripsina que é secretado pelas células da glândula. Imaginou que se utilizasse apenas as células que não tem conexão com os ductos pudesse resultar em um extrato mais eficaz. Banting apresentou sua ideia para o professor MacLeod, que resolveu experimentá-las em seu laboratório com a ajuda de outros pesquisadores. Os primeiros experimentos em cães diabéticos foi um sucesso e eles chamaram esse extrato eficaz de insulina. Depois da comprovação da redução da taxa de glicose e da determinação da toxicidade ao administrar uma quantidade excessiva de insulina. Passaram a testar em pessoas que sofriam de diabetes severa, e que já se encontravam em coma diabético, e as pessoas tratadas melhoraram os sintomas da doença.
A insulina não é a cura da diabetes, mas é uma maneira de tratar a doença e diminuir os sintomas e melhorar o funcionamento do organismo, mas que esse tratamento deve ocorrer junto de uma mudança na dieta do paciente.
Postado por: Elizabete Iseke